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terça-feira, 25 de março de 2014

Dia Municipal do Ostomizado de São Paulo

Hoje, dia 25 de março, é comemorado o Dia Municipal do Ostomizado de São Paulo!

Nós do blog “Ostomia sem fronteiras” parabenizamos todos os ostomizados do município de São Paulo.

Parabéns guerreiros!!!
Parabéns a todos que passaram pela cirurgia da vida!!!!
Parabéns a todos que ainda estão na luta para se adaptar a ostomia!!!
Parabéns a todos que um dia já foram ostomizados e conhecem o dia a dia de uma pessoa ostomizada!!!!!!

Parabéns a todos os ostomizados do município de São Paulo!!!!!



quarta-feira, 5 de março de 2014

Depoimento de Cláudia Yamada

Nos últimos meses várias pessoas entraram em contato conosco para conversar a respeito da cirurgia de reversão ou reconstrução do trânsito intestinal.
Quando a reversão é possível existe um grande conflito entre a alegria de fazer a reconstrução do trânsito intestinal e o medo de enfrentar outra cirurgia e de ficar com incontinência fecal.
A reconstrução intestinal, como qualquer outra cirurgia, tem riscos e é importante que você saiba que pode sim ter complicações. Você precisa conversar com seu médico sobre a adaptação à reversão, pois ela pode ser demorada e difícil, devido ao grande número de evacuações líquidas que podem causar assaduras e desconforto, e nem sempre a pessoa que faz se adapta.
Conhecemos pessoas que fizeram a reversão e hoje estão ótimas, porém também conhecemos outras que ficaram com incontinência fecal e que por isso resolveram fazer novamente a ostomia.
Nem sempre é possível fazer a reversão. Dependerá muito da causa da ostomia, da região do intestino que foi preservada, e do resultado de uma série de exames solicitado pelo médico...portanto em primeiro lugar será o nosso médico proctologista que decidirá se é possível reverter ou não e também qual o melhor momento para fazer a cirurgia.
Hoje venho compartilhar com vocês a história da minha cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal e como foi a minha adaptação. É lógico que a adaptação vai depender do organismo de cada um, da doença/causa de base, do tratamento e também da alimentação.
Eu fiquei ileostomizada em julho de 2009 e fiz a reconstrução do trânsito intestinal em janeiro de 2011. O motivo da minha ileostomia foi a Polipose Adenomastose Familiar. A cirurgia foi muito tranquila. Como na primeira cirurgia (ileostomia) o médico cirurgião confeccionou a bolsa ileal em J para armazenamento das fezes, nessa não foi necessário “abrir” a barriga, ele apenas “puxou” as duas bocas (bolsa ileal em J e intestino delgado) pelo orifício onde ficava o estoma, as costurou, e colocou de novo para dentro. Muitas vezes quando a cirurgia é feita de emergência, o médico não confecciona a bolsa em “J” e provavelmente a cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal é feita em duas etapas, na primeira o médico confecciona a bolsa e na segunda ele faz a reconstrução do trânsito.
Depois da cirurgia não foi necessário ficar na UTI, fiquei apenas em observação na sala de recuperação e fui direto para o quarto. No dia seguinte já estava me alimentando com refeições leves.
Em 3 dias tive alta hospitalar. Saí do hospital com dieta geral.
Os 3 primeiros meses pós reversão foram os mais difíceis, pois as evacuações eram muito frequentes e as fezes mais líquidas, o que me causava muita assadura.
No começo evacuava de hora em hora, inclusive de madrugada. Foram 3 meses sem dormir direito. Com o passar do tempo o meu organismo foi se adaptando e as fezes ficaram mais pastosas e menos frequentes.
Hoje, três anos após a cirurgia, evacuo de 4 a 8 vezes por dia, mas isso depende muito do que eu como e da quantidade.
A minha alimentação teve pequenas alterações, apenas substituí o leite normal pelo 90% menos lactose ou de soja, evito comer fritura, doces muito concentrados e com muita gordura e alimentos muito gordurosos, porém continuo comendo grãos, verduras, legumes, frutas e bebo bastante líquido, pelo menos 2 litros por dia.
Não tomo nenhum remédio para “prender” o intestino, porém conheço pessoas que tomam todos os dias.
Como disse antes, a adaptação da cirurgia depende muito de organismo para organismo, da doença/causa da ostomia e do tratamento realizado. No meu caso, foi a Polipose Adenomatose Familiar, então retirei todo o intestino grosso e uma parte do reto, como é o intestino grosso que faz a absorção da água, as minhas fezes não são totalmente pastosas e por isso evacuo mais que uma pessoa que tem todo o intestino. Acredito que pessoas que preservaram parte do intestino grosso e o reto inteiro evacuam menos vezes e as fezes são mais pastosas. 
Conheço pessoas com Doença de Crohn, retocolite e mesmo polipose, que não se adaptaram à reversão, tiveram muita diarréia e por isso, resolveram ficar ostomizada novamente. Porém, isso não quer dizer que se você tem uma dessas doenças você não irá se adaptar! Por isso, antes de fazer a reversão é muito bom você conversar com o seu médico para que ele explique como será a sua cirurgia e a sua adaptação e também é muito importante você conversar com outras pessoas que tiveram o mesmo problema que você para saber como foi a sua recuperação. Pois o organismo de uma pessoa que foi ostomizada por doença de Crohn, pode reagir de maneira diferente do organismo de uma pessoa que sofreu acidente, ou que fez radioterapia...
Uma dica que eu dou para quem for fazer a cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal é levar rolos de papel higiênico macio para o hospital, pois na maioria dos hospitais o papel higiênico é muito grosso e acaba machucando e também levar lencinhos umedecidos de limpar bumbum de bebê, que ajuda bastante a evitar as assaduras, quando não for possível lavar com água e sabonete.
Sei que a decisão é muito difícil, mas espero que com a minha história eu ajude você a tomar a sua decisão!!! E que ela seja a melhor, independente de fazer ou não a reversão, pois às vezes a cirurgia pode não ter o resultado que esperamos ou pode ter um resultado muito melhor do que o esperado.

Boa sorte a todos que pretendem fazer a reversão!!!