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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Reversão: fazer ou não?

Christiane e Cláudia Yamada

A ostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na construção de um estoma (abertura de um orifício externo) na parede abdominal, por onde as fezes e/ou a urina são eliminadas para o exterior. A cirurgia feita para inverter a ostomia é conhecida como cirurgia de reversão, e ela é realizada quando a doença que ocasionou a ostomia já está curada e o intestino pode voltar a funcionar normalmente. A reversão da ostomia é um ato cirúrgico onde o transito intestinal é restabelecido com sutura entre a “boca” da ostomia e a parte do intestino que ficou inativa.

Existe um grande conflito entre a alegria de fazer a reconstrução intestinal e o medo de enfrentar outra cirurgia! Na maioria das vezes, quando a ostomia é realizada em uma cirurgia eletiva, o médico se programa e pode confeccionar a bolsa ileal, onde serão armazenadas as fezes, e por isso a cirurgia pode ser considerada simples. Porém, se a ostomia for realizada em uma cirurgia de urgência, não há tempo do médico se programar e provavelmente, essa bolsa ileal, não será confeccionada e, portanto, a cirurgia de reconstrução deverá ser realizada em duas etapas, primeiramente fazendo a construção de uma bolsa ileal e depois a reconstrução do trânsito intestinal, sendo uma cirurgia mais complicada! E por isso a grande dúvida: reverter ou não?

Se nós fizermos esta pergunta para um ostomizado, a maioria responderá que gostaria de reverter, de fazer a reconstrução do trânsito intestinal, porém isso nem sempre é possível. Dependerá muito da causa da ostomia, da região do intestino/trato urinário que foi afetada, e principalmente do resultado de uma série de exames solicitado pelo médico...portanto em primeiro lugar será o nosso médico proctologista que decidirá se é possível reverter ou não! Se for possível, aí sim nós poderemos optar em fazer a reconstrução do trânsito intestinal ou ficar ostomizado(a) definitivo(a)!

Sendo possível a reversão, também será o médico que decidirá qual o momento certo para se fechar a ostomia. O período médio para o fechamento de uma ostomia varia de 12 a 16 semanas, pelo fato de se ter um risco maior de complicações se o fechamento for realizado em um período inferior a 3 meses. Porém, pode ser que este tempo seja superior a 16 semanas e, muitas vezes, podem ser anos. Somente o nosso médico é capaz de dizer se estamos aptos ou não e qual o momento ideal para fazermos a reversão.

A reconstrução do trânsito intestinal, como qualquer outra cirurgia, tem riscos e é importante que o paciente esteja ciente das complicações que pode ocorrer. É muito importante que o médico converse com o paciente e explique sobre a fase de adaptação da reversão, pois esta fase inicial costuma ser demorada e difícil, devido ao grande número de evacuações líquidas que podem causar assaduras e desconforto ao paciente.  Além disso, existem relatos de pessoas que ficaram com incontinência fecal e por isso optaram por fazer a ostomia novamente. A não adaptação da reversão é um risco que o paciente corre! Porém se ele não se arriscar nunca saberá!

Vamos falar um pouco sobre o pós-cirúrgico e a fase de adaptação de uma cirurgia de reconstrução do trânsito intestinal!

A fase de adaptação dependerá da porção do intestino e/ou reto que foi preservado, do tratamento (quimioterapia, radioterapia...) e da causa da ostomia (doença intestinal inflamatória (retocolite, crohn), tumor, acidente)..., portanto a extensão do “problema” poderá interferir no número de evacuações e no tempo de adaptação.

No início é normal evacuar logo após as refeições, existem casos de pessoas que evacuam 20 ou mais vezes ao dia, inclusive de madrugada. Com o passar do tempo, a tendência é o organismo começar a se adaptar e o número de evacuações diminuírem, podendo chegar a menos de quatro evacuações por dia. Porém, depende muito do organismo de cada um!

É muito importante manter uma alimentação saudável e fazer pequenas alterações que irão ajudar na fase de adaptação. Deve-se evitar alimentos gordurosos (fritura, creme de leite, maionese, chantilly...), doces concentrados, verduras cruas (Quando o organismo se adaptar não há problema em voltar a comer a verdura), substituir leite integral pelo leite com menos lactose (o leite com menos lactose costuma ser mais tolerável), ingerir bastante líquidos; se alimentar de 3 em 3 horas, mastigar bem os alimentos...

Podemos dizer que fazer a reversão tem seu lado positivo e negativo. Podemos considerar como positivo: não precisar mais usar a bolsinha, não se preocupar com o dia da troca da bolsa ou ficar com medo que ela vaze, poder usar qualquer tipo de roupa sem se preocupar se a sua bolsinha irá marca-la ou não, ir a passeios sem se preocupar se lá terá um banheiro adequado para esvaziar a bolsinha, esquecer as assaduras ao redor do ostoma... Já o lado negativo seria: o número de evacuações (líquida a pastosa) aumentada que geralmente causam assaduras anais, preocupação com a existência de banheiros públicos bem higienizados, a necessidade de usar papel higiênico macio para não machucar, preocupação com a alimentação, principalmente, fora de casa, para que não tenha diarreia...

Não estamos aqui para ser contra ou a favor da cirurgia de reversão da ostomia, a nossa intenção é apenas mostrar os dois lados desta cirurgia, que às vezes pode não ter o resultado que esperamos ou ter um resultado muito melhor do que o esperado.

Se você estiver apto a fazer a reversão vale a pena conversar com outras pessoas que fizeram a reconstrução do trânsito intestinal, e que foram ostomizadas pelo mesmo motivo que você. Pois o organismo de uma pessoa que foi ostomizada por doença de Crohn, pode reagir de maneira diferente do organismo de uma pessoa que sofreu acidente, ou que fez radioterapia...Depois de trocar informações ficará mais fácil tomar a decisão, mas não se esqueça que cada organismo reage de uma maneira, não é porque uma pessoa evacua 20 vezes durante a fase de adaptação, que você também irá evacuar 20 vezes...pode ser que você evacue mais ou menos!

A decisão final será sua e somente sua!!! Existem pessoas que podem reverter, mas se adaptaram tão bem a ostomia que optaram em ficar ostomizadas definitivas; existem pessoas que podem reverter, mas ainda estão em dúvidas se reverter é a melhor opção ou não e existem pessoas que gostariam de reverter e infelizmente não podem! Nós desejamos que a sua escolha, independente de fazer ou não a reversão, seja a melhor possível!!! Boa sorte!!!

Referências:

Bahten LCV, Nicoluzzi JEL, Silveira F, Nicollulli GM, Kumagai LY, Lima VZ. Morbimortalidade da reconstrução de transito intestinal colônica em hospital universitário - análise de 42 casos. Rev bras. colo-proctol. v.26 n.2 Rio de Janeiro abr./jun. 2006.


terça-feira, 9 de julho de 2013

A importância do acompanhamento psicológico para o ostomizado

Christiane e Cláudia Yamada, com colaboração de Paloma Azevedo

Quando o paciente se depara com o estoma, ele passa a lidar com uma nova realidade, apresentando vários sentimentos, reações e comportamentos, diferentes e individuais. A maioria dos pacientes, após a realização da ostomia, vivencia os estágios emocionais de negação, ira, depressão e aceitação, e muitos recém-operados preferem a morte à ostomia. Geralmente enfrentam dificuldades psicológicas e experimentam um sentimento repugnante em relação a si mesmo.

Ocorrem mudanças bruscas e profundas no modo de vida das pessoas portadoras de ostomia, que causam desorganização emocional intensa, consequentemente, vivência de grandes períodos de sofrimento, o que exige a busca de algumas estratégias para enfrentar essa nova condição.

Quando se aborda o aspecto psicológico de um ostomizado, uma das preocupações é a alteração da sua imagem corporal, que leva à sensação de mutilação e rejeição de si mesmo, e que pode causar sentimento de medo, solidão e impotência. Devido à alteração da sua imagem corporal, alguns ostomizados costumam evitar locais públicos e o convívio social. A imagem corporal está relacionada à juventude, beleza, vigor, integridade e saúde e aqueles que não correspondem a esse conceito de beleza corporal podem se sentir rejeitados.

O ser ostomizado é difícil não só para o próprio indivíduo, mas também para a sua família, pois surgem sentimentos de incerteza quanto ao presente e futuro, sentimentos que envolvem as suas próprias perspectivas de vida. Pacientes submetidos a tal procedimento têm sua perspectiva de vida alterada, principalmente pela imagem corporal negativa, devido à presença do estoma associado a bolsa coletora. O portador de ostomia intestinal tende a se sentir inferior, por considerar o seu corpo imperfeito e por julgar-se diferente, ou seja, por não apresentar as características e os atributos considerados normais pela sociedade.

É preciso dar mais atenção à pessoa portadora de ostomia, buscando, no seu universo, conhecer e compreendê-la, mediante a interpretação dos sentimentos expressos por ela, principalmente, dando a oportunidade de manifestar verbalmente as suas emoções.

A atuação do psicólogo na vida de uma pessoa ostomizada é importante para estimular a pessoa a expressar seus medos, angústias, dores, ansiedades e tristezas, auxiliando na sua reabilitação, e amparando-os no enfrentamento da doença que levou a pessoa a ficar ostomizada.

O apoio psicológico é um suporte que auxilia o portador de ostomia a melhorar sua autoestima e autoimagem, tão afetadas neste momento. Este apoio é realizado através de explicações, diálogos e interação, transmitindo conforto e segurança.

Referências:
Sales AC, Violin MA, Waidman MAP, Marcon SS, Silva MAP. Sentimentos de pessoas ostomizadas: compreensão existencial. Rev. esc. enferm. USP vol.44 n°.1 São Paulo Mar. 2010.

Silva AL, Shimizull HE. A relevância da rede de apoio ao estomizado. Rev. bras. enferm. vol.60 n°.3 Brasília May/June 2007.

Silva AL, Shimizull HE. O significado da mudança no modo de vida da pessoa com estomia intestinal definitiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.14 n°.4 Ribeirão Preto July/Aug. 2006.

Nascimento CMS, Trindade GLB, Luz MHBA, Santiago RF. Vivência do paciente estomizado: uma contribuição para a assistência de enfermagem. Texto contexto - enferm. vol.20 n°.3 Florianópolis Jult/Sept. 2011.



http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a17.pdf

terça-feira, 2 de julho de 2013

Dica para tomar banho

Algumas pessoas ao tomar banho lavam a sua bolsinha e depois colocam outra seca, e existem aquelas que preferem ficar com a mesma bolsinha e não lavá-la. Cada pessoa faz do jeito que achar melhor.

Algumas bolsinhas são de peça única, portanto não se tira para tomar banho, se tira apenas na hora da troca. Existem bolsinhas que possuem filtro, e deve-se evitar molhá-lo para não prejudicar a sua função, que é a eliminação dos gases, e também aquelas que possuem um tecido fininho por volta da bolsinha que se molhar fica ruim para usar, sendo necessário trocá-la por uma bolsa seca.

Pensando nisso, inventamos um jeito simples de tomar banho sem molhar a bolsinha:

1- Você precisará de 1 elástico, 2 grampos e 1 saco plástico:

2 - Coloque os dois grampos no elástico:

3 - Coloque a sua bolsinha dentro do saco plástico:

4 - Passe o elástico pela sua bolsa:

5- Leve o elástico até a plaquinha e solte, verifique se a bolsa está totalmente dentro do saquinho:

6 - Depois do banho, para retirar a bolsa, segure pelos grampos e passe o elástico de volta pela bolsa. A única função dos grampos é ajudar na retirada do elástico. Após retirar o elástico, retire o saquinho plástico e veja como a sua bolsinha continua seca.